O estudioso do Espiritismo não ignora que foram os espíritos “batedores”, considerados dos últimos na Escala Espírita, que abriram caminho para que os fenômenos fossem estudados, ensejando a codificação da Doutrina.
No livro “Seara dos Médiuns”, à página intitulada “Aviso, Chegada e Entendimento”, Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier, escreve com beleza ímpar: “Em 1848, no vilarejo de Hydesville, inicia-se publicamente a chegada dos comandos da sobrevivência.
“Os emissários desencarnados, quais familiares há muito tempo ausentes da própria casa, alcançam a moradia terrestre, batendo freneticamente à porta”.
Estudando a biografia do abençoado medianeiro de Emmanuel, notamos que a sua conversão ao Espiritismo, ocorrida em 1927, deu-se por conta do processo obsessivo que acometeu uma das irmãs, Maria da Conceição Xavier.
Quantos outros tarefeiros do Bem e da Verdade, em diferentes épocas, não têm sido chamados ao labor por “providenciais” ingerências do mundo espiritual inferior?
Maria Modesto Cravo, médium portadora de excelentes faculdades, chegou à cidade de Sacramento, Estado de Minas Gerais, à procura do apóstolo Eurípedes Barsanulfo, assediada por espíritos que lhe subtraiam a saúde e a paz.
Yvonne do Amaral Pereira, a inesquecível co-autora de “Memórias de um Suicida”, fala das perturbações que, desde Lavras, sua terra natal, também em Minas Gerais, experimentava por ação das entidades espirituais que desejam induzi-la a colocar termo à própria vida.
Zilda Gama, a extraordinária médium de Victor Hugo, foi chamada ao exercício da mediunidade devido a doloroso calvário particular que lhe fora infligido pela ação de espíritos infelizes que, por pouco, não lhe comprometem a encarnação.
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Onde a luz principia a brilhar é comum o adensar das trevas ao redor, no intuito de ofuscá-la. Não obstante, por mais se compactem, não mais logram que lhe destacar o esplendor!
Mas também assim nos referimos, nesta página, porque, muitas vezes, nos deparamos com certo preconceito entre os adeptos do Espiritismo em relação a espíritos que, em nome do Cristo, labutam fora de nossos arraiais doutrinários.
Particularmente – digo-lhes –, desde quando no corpo físico, fiquei a dever inestimáveis favores a seres desencarnados que, pela sua modéstia intelectual, sempre receberam o rótulo de “entidades inferiores” – em um sem-número de ocasiões, foram esses irmãos ligados às seitas afro-brasileiras que me valeram na lida contra ferrenhos e cultos perseguidores do Mais Além!
Recordo-me que, certa vez, ao se referir a determinadas atividades que são levadas a efeito nas salas de passes, nos centros espíritas, Chico Xavier destacou o ignorado trabalho das entidades encarregadas dos serviços que não competem a outras de maior elevação. Ele mesmo afirmava se valer, com relativa frequência, dos préstimos dos chamados “elementais”, quando, por exemplo, necessitava localizar um objeto ou uma página mediúnica perdida entre tantos papéis acumulados.
Antes, pois, de qualquer manifestação preconceituosa de nossa parte, no que diz respeito a nossos irmãos desencarnados de primária evolução espiritual, não olvidemos que foi a um dos habitantes mais singelos do mundo espiritual – um espírito “batedor” – que o Espírito da Verdade confiou uma das tarefas mais relevantes para que a História do Espiritismo começasse a se escrever sobre a Terra!
INÁCIO FERREIRA
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